Olá! Daqui é a Inês e escrevo-vos do outro lado da Europa, mais especificamente, de Frankfurt (Oder), uma pequena cidade alemã junto à fronteira com a Polónia. No próximo dia 5 de Novembro, faz hoje 2 meses desde que embarquei (muito provavelmente) na maior loucura (até agora) da minha vida. Para celebrar (antecipadamente), decidi iniciar um blog, de forma a poder transmitir-vos como tem sido (e como será) esta aventura.
Tudo começou em meados de Maio, quando escrevia a minha tese de Mestrado. Tinha ainda quatro meses pela frente, mas já me encontrava a realizar alguns processos de recrutamento e selecção. Sabia que o final da minha vida académica se aproximava e que o próximo passo seria o mercado de trabalho. Contudo, após algumas rejeições, comecei a pensar qual seria o meu problema. O meu percurso académico não poderia ser - tinha frequentado uma das melhores escolas de gestão do país e até terminei (ou ia terminar), tanto a licenciatura, como o mestrado, com uma boa média. Portanto, deduzi que o problema seriam as minhas soft skills. As entrevistas e, principalmente, as dinâmicas de grupo nas quais participei exigiam que fosse uma pessoa confiante, comunicativa e com uma boa gestão de stress. Não o fui. E comecei a duvidar que o fosse tão rapidamente.
Pensei então em alternativas. Não haviam muitas. Pensei em fazer voluntariado na Ásia. Mas exigiam dinheiro. Pensei em fazer voluntariado na América Latina. Mas exigiam dinheiro. Não podia (e não queria) continuar dependente do dinheiro do meu pai e todos estes destinos fora da Europa exigiam que pagasse uma (boa) quantia de dinheiro por apenas umas semanas. Mas a União Europeia tem coisas fixes e o voluntariado é uma delas. No início duvidei, mas após alguma pesquisa comecei a ficar entusiasmada.
O Serviço de Voluntariado Europeu é um programa de voluntariado a tempo inteiro dirigido aos jovens entre os 18 e os 30 anos, num país que não o de residência e com uma duração até 12 meses. As áreas abrangidas são diversas, tais como ambiente, desporto, serviço social ou arte. O melhor é que inclui viagem de ida e volta (até uma certa quantia, consoante a distância entre a organização de envio e a de acolhimento), alojamento, alimentação, seguro, transporte do alojamento até ao local de trabalho, apoio linguístico e uma pequena quantia de "dinheiro de bolso" (que varia consoante o custo de vida de cada país).
Era o que precisava: obrigava-me a arriscar e a sair da minha zona de conforto. Escolhi candidatar-me a um centro juvenil na Alemanha. Aprender alemão era desafio suficiente, mas ter que lidar com crianças que apenas falam alemão, obrigava-me, definitivamente, a sair da minha zona de conforto, a ser mais confiante, mais comunicativa e, sem dúvida, a aprender a gerir o stress.
Era o que eu precisava. E é onde eu estou agora.